Heitor Lima – Atomic Winter

Por: Heitor Lima (Atomic Winter)
Após uma pausa forçada em nossas atividades, voltamos com tudo! E não poderia faltar uma playlist matadora! Dessa vez, o convidado é Heitor Lima da banda de skatepunk Atomic Winter. Em sua lista ele mesclou bastante, e prova que muitas vezes essa mistura é necessária para proporcionar algo ainda melhor. Confira já!
01 – Beerbong – “Never Be Like You”
Acho o Beerbong uma banda incrível e muito pouco comentada. Os dois últimos discos dos caras são um insulto de tão bons (principalmente o Murder Party). Eles têm riffs realmente simples e criativos, na medida, muito amarrados com essa batera que pra mim tá facilmente entre as melhores do hardcore. Esse baterista, o Paolo Crimi, tem um jeito muito dele de fazer as viradas, usa pedal duplo com muito senso. O baixo é bem marcado, vocais e melodias transbordam personalidade, letras intensas… é foda. O Beerbong consegue ser uma banda de hardcore melódico foda sem incorrer tanto em clichês que outras bandas boas aí acabam apresentando.
Eles têm um aspecto de pop punk, isso é algo que muitas vezes não me agrada, mas no caso deles é tudo tão bom, rápido e enérgico que nem encano. E ah, são da Itália. A Itália deve ser animal.Em alguns momentos eu escutei menos o som deles. Agora, no início de 2015, estou ouvindo pra caralho e decidi colocar “Never Be Like You” no topo dessa playlist. Foi a primeira música deles que ouvi. Quando o Rodrigo, o outro guitarrista do Atomic Winter, me mostrou esse som há alguns anos, eu quase caguei na calça.
02 – Ten Foot Pole – “Gnarly Charlie”
Lembro que essa música chegou pra mim pelo Soulseek mais ou menos quando eu conheci a de cima. Foi entre 2005 e 2007. Eu já pirava no vocal do Scott Radinsky pelo Pulley e pirava com o fato dele ter sido jogador profissional de baseball e ser dono de um museu/skatepark na Califórnia.
Esse som é especial porque na época eu não conseguia parar de escutá-lo. Deixava dando repeat no Winamp. Engraçado que só fui descobrir anos mais tarde que ela fazia parte de um split com o Satanic Surfers. Depois de um tempo eu perdi essa mp3 e o nome do som. Dias atrás, esse mesmo Rodrigo que mencionei, me lembrou desse split e eu dei de cara com essa sonzeira de novo. Graças a Jah.
03 – Bad Religion – “Past is Dead”
As pessoas ficam falando que o Bad Religion já era. Eu consigo compreender o que algumas delas sentem quando dizem isso, mas eu não consigo deixar de pirar em cada nova música que eles fazem. Pra mim esta é uma das grandes músicas do True North, último álbum dos caras que ganhei em LP direto da Amoeba Music.
Não é um álbum tão bom quanto Stranger Than Fiction e Empire Strikes First, que são meus favoritos. Mas é animal. É aquela mesma combinação particular de elementos simples e concisos do Bad Religion que se materializa novamente. Acho que enquanto puderem fazer isso, eles tem que fazer mesmo. Duvido muito que o Bad Religion será daquelas bandas que mancham sua história com algo bem ruim. E nem é só porque são os pais da porra toda, é porque acima de tudo são competentes, maduros e têm consciência sobre o que fazem bem e o que não fazem.
04 – Portugal The Man – “Purple, Yellow, Red and Blue”
Eu escutei muito essa banda no começo de 2014. Eles fazem um som muito diferente das bandas que mais ouço geralmente. Usam sintetizadores moderadamente e algumas melodias me lembram umas coisas tipo Oasis. O vocal é suave, mais agudo, as músicas são simples e ficam muito na cabeça. Aliás, percebo muitas construções que talvez tenham sido baseadas no “pop sense” da galera. Isso parece ser parte da essência da banda, mesmo sendo um som “alternativo”. Alguns dizem que são parte dessa última onda “psicodélica”, mas eu nem acho tanto. Não sei se é porque as outras bandas que classificam assim não me agradam muito…
Quem produziu foi o doidão do Gnarls Barkley (não o vocalista, o outro) e aquele cara é um puta produtor. Pra mim esse som aí é o melhor do Evil Friends, mas o disco não tem uma música ruim sequer. Vi o show no Lolla BR 2014 e valeu cada minuto. Ouçam também o Satanic Satanist.
05 – The Damned Things – “Trophy Widow”
Essa banda tem dois caras do Anthrax (os guitarristas), dois caras do Fall Out Boy e dois caras do Everytime I Die. Se não me engano, lançaram só um disco e esse single que foi pro jogo do Batman. Adoro as peculiaridades dessa união maluca. Quem escuta consegue perceber que a mistura foi muito bem feita. Acho que o “rock” precisa de menos preconceito e mais experimentações assim. Mas nego prefere ficar tentando ser o Ozzy ou o Layne Staley ou o Daniel Johns ou sei lá quem. No Damned Things não tem ninguém reinventando a roda, mas a profusão de influências nesse grupo gera um som muito peculiar que por sua vez gera uma experiência sonora única. E com melodias muito marcantes.
As linhas são ótimas, as guitarras desses caras não preciso nem comentar, Scott Ian e Rob Caggiano são violentos. Esse vocalista aí do Everytime berra super bem, e nesse projeto ele prova que também canta muito, tem um timbre especial. É dificil ouvir algo parecido por aí. O resultado é um tipo de hard rock com aspectos de heavy metal e melodias bem “acessíveis” (ok, meio pop também). Parece que não bombou tanto no Brasil. Mas acho bom demais da conta.
06 – He Is Legend – “Smoker Scoff”
Como diz um amigo: “Esse povo do He Is Legend é meio cigano, meio mágico“. Eu sinto o mesmo. Tiveram um retorno brutal em 2014 e já não dá mais pra rotular. Era lá uma coisa meio southern, metalcore, sludge e não sei o que… agora já é muito mais, e tudo ao mesmo tempo. Dos álbuns de 2014, o que contém essa música é meu preferido. Eles se superam em melodias. Compensa muito conhecer a discografia e se assustar com as mudanças que alcançaram com este Heavy Fruit. He Is Legend é puro virtuosismo, mas através da criatividade. Se quer firulas e muita técnica, melhor ir escutar outra coisa.
07 – Boysetsfire – “Save Yourself”
Essa é a música que mais me atraiu nesse último disco do Boysetsfire. O que mais me impressiona é que os caras ficaram muitos anos sem lançar nada. Foram o que? Dez anos? E porra, voltaram com um álbum muito pressão. Tem uns efeitos esquisitos que se juntam a essa onda meio macabra, melancólica e melódica típica do Nathan Gray e que soaram muito bem. Pra mim o post-hardcore são essas coisas aí, e não essas “metalzices” repetidas com berros soltos, marcações tortas, breakdowns e mensagens que lembram “hinos evangélicos”.
08 – Jamiroquai – “Love Foolosophy”
De uns tempos pra cá eu fiquei muito fã de Jamiroquai. Acho o Jay Kay um cara esquisitão mas muito natural. Tenho ouvido a discografia inteira dos caras e apreciado demais, sobretudo as construções que justificam mais o rótulo que eles tem de “Acid Jazz”. Esse som é do “A Funk Odissey”, tem um trocadilhozinho besta mas que eu adoro. As letras são sempre aquela coisa mais fonética e rítmica do que uma fonte de mensagens fortes, mas ao mesmo tempo não deixam a desejar. Acredito que vou ficar engatado nos lançamentos desses doidos por mais uns meses, mesmo porque ao longo dessa vida eu ainda não tinha dado a eles a atenção devida. E só percebi isso há poucos meses.