Resenha Show: The Story So Far (SP)

Eu me lembro muito bem, entre os anos de 1999 e 2000, quando eu ainda era um jovem rapaz com meus 20 e poucos anos (sem querer plagiar Fábio Jr. e Raimundos), de ouvir a banda The Story So Far e seu EP de estreia When Fortune Smiled, lançado pelo grande selo Hopeless Records. Com apenas seis músicas, era um disco sólido e com um punk rock direto e reto.
Aí você que está lendo este texto e é fã incondicional da banda californiana The Story So Far me indaga: “você está louco? nesta época os rapazes da banda não deviam nem ter passado da infância ainda?!”. Eu te respondo, você tem razão, no começo dos anos 2000, eles ainda eram simples crianças que provavelmente nem ouviam punk rock ainda, mas nesta mesma época nós já tinhamos uma banda chamada The Story So Far, capitaneada por ninguém menos do que Jeff Dean, que futuramente tocou em bandas como Noise By Numbers, The Bomb, Dead Ending, All Eyes West e uma infinidade de outras. Ele foi também responsável pela remixagem de um álbum da banda Samiam, então você já pode imaginar o tamanho da história que existe por trás desta primeira banda chamada The Story So Far.
Anos depois, surgiu para o mundo a atual e única (já que aquela outra banda nunca teve uma vida útil muito prolongada) The Story So Far, com um EP chamado While You Were Sleeping. Confesso que dei de ombros para este EP, pelo fato de eu saber que já existia outra banda de mesmo nome, com uma sonoridade bastante diferente do pop punk executado por estes novatos californianos. Mas com a chegada do primeiro full length Under Soil And Dirt em 2011 eu deixei de lado qualquer preconceito e me abri completamente para a sonoridade cativante e competente desta nova banda. Após este lançamento, a banda estourou no mundo todo e aquela primeira banda The Story So Far acabou caindo no esquecimento e virando apenas meros coadjuvantes entre as bandas de mesmo nome.
Eis que finalmente o Brasil é agraciado com a vinda da banda ao nosso país, trazidos pelo selo-loja-produtora-gravadora Hearts Bleed Blue, com shows nas principais capitais Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. Infelizmente não cheguei à tempo de ver as duas bandas nacionais de aberturas Montese e Dinamite Club (queria muito ter visto a excelente banda mineira, mas fica para a próxima). Quando cheguei, a casa Clash Club em São Paulo já estava cheia e todos os presentes aguardavam a entrada no palco dos americanos destaques da noite. Por volta de 20:30 (parabéns HBB pela pontualidade), os cinco rapazes subiram ao palco e fizeram a alegria de todos! Com um show coeso e sem muitas inovações, a banda fez uma mescla entre seus três discos: Under Soil And Dirt, What You Don’t See e seu mais recente álbum auto-intitulado. Claro, que quando a banda tocou o clássico absoluto “Quicksand”, o Clash Club veio abaixo, com destaque especial para o sensacional stage dive do patrão, Antônio. Voou como um pássaro na multidão e foi absorvido pela galera como uma areia movediça (sem a intenção do trocadilho). Simplesmente épico!
No final das contas me decepcionei apenas com a falta de algumas músicas, em especial minha favorita “Clairvoyant”, que no fundo eu sabia que teria possibilidade zero de acontecer, já que é uma música acústica, e provavelmente não se encaixaria no setlist frenético e delirante da banda. Mas deixando minha preferência pessoal de lado, tivemos um grande show de uma grande banda. Tenho certeza que ninguém se arrependeu de gastar seu suado dinheiro para ver o The Story So Far. E com isso, fechamos mais um lindo e emblemático capítulo na história da sempre batalhadora cena punk rock independente brasileira. E para você que ficou curioso em conhecer aquela primeira banda chamada The Story So Far, ouça uma música aqui.
Por: Eduardo Landlord